
A obra
De tanto vender e promover a arte na região do Campo das Vertentes, Zélia Mendonça decidiu que havia chegado a hora de colocar sua arte em prática. Aos 58 anos pôs de lado suas atividades como empresária e começou a dar forma às suas lembranças. Com os objetos e quinquilharias reinventou uma memorialística tomada pelo lirismo ao misturar ideias e preocupações sociais. Depois, descobriu o primitivismo em pinceladas que se tornaram telas coloridas e movimentadas.
Tão logo criou sua primeira série de torsos, estreou para o público em 2015 com a exposição Torsos e Outros na cidade em que nasceu, São João del Rei. Depois, de casa foi a Paris integrando uma coletiva organizada por Heloisa Azevedo. Somou aos torsos outras obras e circulou por vários países em busca de compartilhar experiências e ganhar outras. Se juntou ao grupo "Femmes Dans Le Monde", quando desenvolveu oficinas de arte com mulheres e crianças refugiadas na França.
Contudo, foi em Portugal que a artista iria se encontrar. Desenvolveu uma relação mais profunda com arte através das vivências naquele país. Lá, começou a pintar telas, realizou exposições, parcerias e arte-residências. O que lhe permitiu levar um pouco do Brasil para a Europa num movimento contrário à história mítica das navegações que criaram a narrativa falaciosa do Brasil descoberto.
As reflexões da menina, da mãe e da avó se misturam em obras que trazem a essência da mulher mineira, ou seja, aquela que como ninguém sabe misturar uma espécie de cosmopolitismo com o que há de mais singular das tradições de São João del- Rei. Fuxico, bordado, restos de tecidos e aviamentos estão sempre presentes.
Atualmente, reveza colagens e pinturas que se apresentam como padronagens. Estas se misturam a uma simbologia íntima da artista para trazer à imagem um movimento que remete à narrativa. É imprescindível observa-las com cuidado caso queira entender estas palavras ditas. Você pode verificar clicando abaixo em uma das opções que resumem as duas linhas de trabalho da artista: